¡NO TE OLVIDES DE VIVIR!

No sé si al final el resultado

llenó las ansias de tu empeño.

No te preocupes por las cifras

contantes y sonantes

en la mesa podrida del Mercado.

 

Preocúpate más bien

de sembrar la utopía

en los huertos anónimos

que florecen a tiempo y a destiempo

sin que sepas de dónde brota

el manantial de los luceros

que inundan con sus luces

los cauces de tu amor y tu conciencia.

 

Esta noche no tiene ya relieve

en ese calendario de tus sueños.

Asómate a la calle enmudecida,

descubre entre las sombras anónimas

personajes inéditos.

 

¿Quién desató los nudos de su asombro?

¿Quién secuestró su voz y su palabra?

¿En qué barco navegan sus presagios?

 

Espérame que bajo ahora

y adornamos sus cuerpos

con pétalos de rosas y caricias.

 

Destruye la etiqueta de “sobrante”

y ponle la corona de azahares

entre sus manos.

Otra luna amanece por sus ojos

y la noche estremece sus latidos

en las aceras grises de sus pasos.

 

¿Mañana?

será otro día

pero no te hagas ilusiones.

Los mismos rostros.

Las mismas sombras

y un pedestal de aristas oxidadas

se alzará en la Plaza Mayor

de todos los quebrantos.

 

Las Palmas, 2020

 

Blas Márquez Bernal, cmf

(FOTO: Emilio Borraz Ortega)

 

NÃO TE ESQUEÇAS DE VIVER!

 

Não sei se no final o resultado

encheu a ânsia do teu empenho.

Não te preocupes com os

números sonantes

na mesa imprópria do mercado.

 

Preocupa-te em vez disso

em semear a utopia

nos pomares anónimos

que florescem no tempo e fora do tempo

sem saber de onde vem

a fonte das estrelas

que inundam com as suas luzes

os canais do teu amor e da tua consciência.

 

Esta noite não tem mais relevo

no calendário dos teus sonhos.

Olha para a rua muda,

descobre entre as sombras anónimas

personagens inéditas.

 

Quem desatou os nós do seu espanto?

Quem raptou a sua voz e a sua palavra?

Em que navio navegam os seus presságios?

 

Espera por mim que eu desço agora

e adornamos os seus corpos

com pétalas de rosas e carícias.

 

Destrói o rótulo de «sobra»

e coloca a coroa de flores de laranjeira

entre as suas mãos.

Outra lua amanhece através dos seus olhos

e a noite estremece as suas batidas

nas calçadas cinzentas dos seus passos.

 

Amanhã?

será outro dia

Mas não te iludas.

Os mesmos rostos.

As mesmas sombras

e um pedestal de arestas oxidadas

erguer-se-á na Praça Maior

de todos os quebrantos.

 

Las Palmas, 2020

 

Blas Márquez Bernal, cmf

(FOTO: Emilio Borraz Ortega)

Start typing and press Enter to search